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Jordan Peterson x Slavoj Zizek (minha visão do debate)

Por: Redação
04/02/2025 às 19h52
Jordan Peterson x Slavoj Zizek (minha visão do debate)

Ivo Aparecido Franco

Há alguns anos, Jordan Peterson e Slavoj Zizek se reuniram para discutir qual sistema seria melhor, o capitalismo ou o comunismo. O psicanalista iniciou o debate falando acerca das contradições do manifesto comunista. Vou me reportar apenas aos pontos que, creio, são mais memoráveis de cada um. Uma das primeiras afirmações de Peterson,  concerne ao fato de que considera a visão de Karl Marx reducionista, justamente no ponto em que afirma a história humana baseada principalmente na luta de classes, pois afinal, segundo ele, haveria vários outros aspectos a serem levados em consideração, que não a luta de classes. Outro ponto contestado por ele seria a ditadura do proletariado. A visão marxista, traz à baila a ideia de um grupo de exploradores e explorados e aqui, há uma tendência a se recair em certo maniqueísmo (bem de um lado, mal do outro). Vale lembrar que para Marx, a vitória do socialismo viria através da revolução e revoluções, como sabemos bem pelas lentes da história, são algo brutal e violento. Como garantir que os proletários que chegariam ao poder não seriam corrompidos¿ Houve é claro, outros pontos destacados pelo debatedor, mas convido o leitor a que assista o debate na íntegra no You Tube, caso seja de interesse.

Zizek por sua vez concentra sua linha de argumentação inicialmente muito mais nas desvantagens do capitalismo, do que nas vantagens do comunismo.  O cineasta filósofo destaca trechos de Lacan, em que o renomado psicanalista afirma que o marido ciumento só tem identidade através do ciúme que sente. Destacou que há uma tendência em querer se enxergar a culpa, o erro, no outro, desse modo, mencionou o exemplo da Alemanha nazista, que jogava a culpa nos judeus a fim de esconder a própria perversão. Segundo ele, da mesma maneira o capitalismo projetaria no comunismo um inimigo externo com a finalidade de esconder os próprios problemas.

Bem, no fim das contas, ambos são bastante relevantes. Quando assisti o debate, senti falta de algo em específico, o que é natural. Creio que Zizek, poderia  dizer que o comunismo apresenta defeitos, mas que pode evoluir. Assim ocorreu com o capitalismo que, após a década de 30, para sobreviver, implementou um Estado forte, baseado em welfare state. Isto sem sombra de dúvida fica na conta de Marx, pois Keynes claramente adotou algumas visões do filósofo alemão na finalidade de aprimorar o sistema, que estava ruindo. O capitalismo inicialmente se baseava nas ideias liberais de Adam Smith, de auto regulação do mercado, balela esta em que algumas pessoas ainda acreditam. Marx foi visionário ao enxergar que o Estado precisa ser forte, no entanto errou quando levou isso ao extremo. Deve haver equilíbrio, em tudo, aliás. Hoje enxergo que também errou ao afirmar que Deus não existe, mas é outra história.

Na minha opinião, o ponto de convergência desta discussão deveria ser educação. Há algum tempo, conforme já mencionei algumas vezes nesta coluna, propus a necessidade de o ensino ser transformado num poder republicano, ou ao menos lhe dar a mesma independência do Ministério Público. Algo assim. Acho que capitalismo e comunismo são formas de arranjo de um motor, contudo, a melhor forma de garantir que um motor funcione bem é assegurando a qualidade das peças. Da mesma forma, numa orquestra, é preciso que cada músico individualmente tenha talento, caso não, o resultado pode ser desastroso.

Além disso, creio, não seria qualquer educação. Pretendo fazer um segundo livro a respeito, sobre como este poder deveria ser exercido e de que maneira o ensino poderia colaborar para melhoria da sociedade.

Enfim, a discussão entre Peterson e Zizek é bastante interessante. Convido o leitor a que assista para tirar as próprias conclusões.

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