Curtas do Dal

Adalberto Guazzelli

Café da tarde na casa da Mamma Adelia B. Guazzelli é assim...kkkkk

Algo que AMO mais que Vinho, Queijo, Café, o PÃO caseiro, o bolo de GOIABADA recém saído do forno, são as histórias e as lições de vida que continuo a receber. Um DELICIOSO bate papo que passa por receitas, pelos Mezenga e Berdinazzi da novela o Rei do Gado e chega aos Nonnos, ao Carvão e ao periódico "La Fanfulla".

Conta a mamma que: "No final da dec. de 40, pós guerra, ela era uma criança, mas lembra bem que muita gente via e tratava erroneamente todos os italianos como "inimigos", fascistas, "gente de 2ª classe" e etc. Os nonnos Bechelli, como muitas outras famílias italianas da atual região do pós Balsa eram carvoeiros, produziam e ensacavam o Carvão que vendiam para comércios da capital paulista. A viagem à São Paulo, (San Paolo), era longa, então, se revezavam e a cada mês um deles ia de carroça entregar as sacas, receber e depois dividir o valor entre as famílias produtoras. Viviam ali naquela região quase isolados e uma das poucas maneiras de terem notícias da terra natal era através do Jornal La Fanfulla, (Fanfarra).

A cada ida a Capital, uma das funções do "entregador" do carvão, era trazer as edições do periódico que informava o andamento da então combalida Itália. Diz a mamma que o desprezo era grande, (ela mesma tem lembrança de ser enxotada de um estabelecimento, ouvindo que ali, não se servia italianos). Ao voltar para a comunidade, muitas vezes o italiano tinha a carroça revistada, era ofendido e tinha os jornais rasgados ou confiscados, algo que provocava além de revolta, muita tristeza a todos. 

É impressionante, como passados mais de 70 anos, as dores destas histórias permanecem vivas na memória da mamma uma ferida que me faz lembrar o dito popular que diz: "Quem bate esquece, quem apanha nunca". Traumas que nos ensinam que a generalização, bem como toda forma de preconceito é um mal e deve ser combatido sempre...

Salute!!!