Uma das maiores vozes da musica popular brasileira, Gal Costa, faleceu na manha desta quarta feira (9), aos 77 anos. A causa morte ainda é desconhecida.
A cantora era uma das atrações do festival Primavera Sound, que aconteceu em São Paulo no último fim de semana, mas teve sua participação cancelada de ultima hora.
De acordo com sua equipe, ela precisava se recuperar após a retirada de um nódulo na fossa nasal direita e ficaria fora dos palcos até o final de novembro, seguindo recomendações médicas.
A cirurgia ocorreu em setembro, pouco após sua apresentação em outro festival de música em São Paulo, o Coala. De lá para cá, ela não havia voltado aos shows, mas, já tinha datas da turnê "As Várias Pontas de uma Estrela", marcadas para dezembro e janeiro.
Nascida Maria da Graça Costa Penna Burgos em Salvador, capital da Bahia, Gal Costa sempre foi incentivada pela mãe a seguir carreira na música. Já o pai, morto em sua adolescência, foi uma figura ausente.
Gal trabalhou como balconista de uma loja de discos em sua cidade natal, onde conta ter conhecido a obra de João Gilberto. Gostava de cantar e tocar violão em festas. No início dos anos 1960, foi apresentada a Caetano Veloso, encontro a partir do qual foi criado um vínculo pessoal e artístico que perduraria até sua morte.
Gal foi uma revolução das vozes e dos costumes da música brasileira desde seu surgimento na cena nacional, nessa mesma década.
Aproximou-se ainda adolescente dos também baianos Maria Bethânia e Gilberto Gil, além de Caetano, com quem integraria o grupo conhecido como Doces Bárbaros, responsável mais tarde por um disco definidor da contracultura da década de 1970.
Também foi nessa época que se aproximou de Tom Zé, outro baiano com quem firmou parcerias. Com os amigos, inaugurou o teatro Vila Velho, em Salvador, com o show "Nós, Por Exemplo". Em 1965, o grupo viajou a São Paulo para apresentar os espetáculos "Arena Canta Bahia" e "Em Tempo de Guerra", dirigidos por Augusto Boal.
Tinha ainda pouco mais de 20 anos quando participou do álbum "Tropicália ou Panis et Circencis", pedra fundamental do movimento tropicalista. Logo depois, em 1971, foi responsável por um dos espetáculos de maior repercussão da história da MPB, "Fa-Tal", dirigido por Waly Salomão, que viraria também um álbum cultuado.
A partir dali, sua voz foi se tornando cada vez mais popular por canções como "Modinha para Gabriela", sucesso estrondoso de Dorival Caymmmi que abria a novela da Globo inspirada em Jorge Amado, e por hist reunidos no álbum "Água Viva", de 1978, como "Folhetim", de Chico Buarque e "Paula e Bebeto", de Milton Nascimento e Caetano.
Foi nessa fase que a cantora se incorporou mais ao mainstream das grandes redes e rádios começando a se deslocar da imagem de ícone da subversão tropicalista.
A parceria com Caetano nunca esmoreceu, mas, Gal passou a tirar seus hits de compositores decorrentes diversas, com Chico, de "A História de Lily Braun", "Futuros Amantes", Djavan, de "Azul" e "Nuvem Negra", Moraes Moreira, de "Festa do Interior", e Cazuza, de "Brasil" - outra abertura memorável de uma novela de grande sucesso, "Vale Tudo", de 1988.