Curtas do DAL
Eu sonhava estar em uma enorme festa com muita gente e muito barulho mas, eu não estava bem, me sentia triste, amargurado um tanto introspectivo mas, fiquei por lá. Em certo momento, avistei por cima da escadaria do salão onde ocorria o evento, uma luz, clara, brilhante e intensa que vinha na minha direção, dela emanava uma voz familiar dizendo em italiano: “vieni , vieni vicino da me, vieni mio nipote ". Intrigado e com certa "paura" fui me aproximando e a luz foi tomando forma até que me apareceu, linda e radiante minha doce e querida nonna Ada. Seus olhos azuis refletiam a luminosidade que emanava dela própria. Por um momento todo barulho cessou e eu fui envolvido em um abraço fraterno e delicioso de paz.
Fiquei assim por alguns instantes e me percebi falando sobre as situações conflitantes da vida, da saudade de todos que partiram e, com a serenidade do colo da minha nonna, foi aí que despertei. Uma sensação de leveza e segurança invadiram meu corpo e, lembrando que estamos no mês de março, me pus a pensar na força e determinação das minhas nonnas e de todas as mulheres. O que seria de nós homens e de nossos imigrantes sem essa garra, o que eles fariam sem as mammas e as nonnas que se desdobravam para manter a família em meio as turbulências da imigração, da fome e das guerras. Eu, pai de dois filhos, imaginei a força e a dor de uma mulher que por amor, se despediu para sempre do filho ao mandá-lo com apenas 16 anos para uma terra “lontana", temendo que ele ingressasse nas fileiras do exercito fascista com já havia feito o outro filho. Pois é isso que fez minha bisavó Adele Pieroni Bechelli, com meu nonno e seu filho Alfredo Bechelli.
É tanta força desse sexo frágil, tanta determinação e amor que faz me sentir pequeno, apesar dos meus 1,83 de altura.
Por essa admiração e respeito é que agradeço "a tutti Le done" e parabenizo por esse 08 de março...
Adalberto Guazzelli
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