Ivo Aparecido Franco
Não sou propriamente um artista, mas um curioso da arte buscando por alguma forma nova de expressão. Na verdade, se trata mais de um exercício de criatividade do que de alguma pretensão mais séria. Nem sou da área, só alguém a serviço da curiosidade, foi assim que me enfiei a criar algo a que chamo de arte pós verídica, nem sei se esse nome já existe. Como gosto bastante de escrever, sempre acho importante buscar por novas formas de expressão e a que encontrei foi justamente a gráfica, tendo em mente que toda obra precisa ter sua marca, é um ótimo campo para desenvolver as ideias.
Vivemos em tempos de pós-verdade, onde as notícias importantes somem em meio a imagens e memes banais, assim criei meus desenhos com esse espírito, fazendo com que a mensagem desapareça em meio a imagens insignificantes. Toda arte precisa refletir o espírito de seu tempo, não é. Deixa mostrar a vocês alguns de meus traços:
Antes de eu dizer o que está escrito, caro leitor, tente enxergar a informação essencial, aliás, façamos isto também com relação aos grandes e pequenos canais de mídia. É preciso esquecer os memes e ter foco na informação essencial. No desenho acima está escrito “Hoje a informação some”
Este eu chamo de cocada, câncer. Com este desenho, quis retratar o prazer e a dor da vida, mesclando o nome de um doce, ligado à satisfação, em seguida o de uma doença, quase uma recriação do Yin Yang.
Já este de cima se chama : anger is an energy, numa referência ao grupo inglês de Jonny Rotten nos anos 80: PIL, mais especificamente a música Rise, com a frase: anger is an energy, que foi pronunciada por um dos presos na época do apartheid e utilizada na letra da canção.
Esta gosto bastante. Reflete todo o espírito de uma época, aí dentro está posta a palavra “clockworck”, uma referência ao filme Laranja Mecânica de Stanley Kubrick e à grande seleção holandesa de 1974, vice campeã do mundo. Estes desenhos estão expostos no site da arttere, que é uma oportunidade para quem gostaria de mostrar o trabalho e não conta com uma plataforma própria.
Certo, tudo precisa de um propósito. Estou mostrando meus desenhos com o objetivo de transmitir uma mensagem: Deus nos fez a sua imagem e semelhança e com isto nos deu o poder da criação. O brasileiro precisa criar mais em todas as áreas: na tecnologia, medicina, física e até mesmo na arte. Digo isto porque se tivéssemos valorizado o suficiente a educação e a criatividade, talvez o UBER tivesse surgido por aqui, o Facebook, uma Apple. Ou quem sabe o computador, ou qualquer outra coisa. O fato é que temos de aprender a criar mais, assim como a valorizar os brasileiros que já fazem isto. Está aí o instituto Butatã que fez a vacina da dengue. Quanto aos desenhos, se ficaram bons ou ruins, deixo por conta do leitor decidir, o que vale, de fato, principalmente nesse caso é a intenção.