Ivo Aparecido Franco
Faz aproximadamente dez anos, me coloquei na tarefa de escrever um livro, era um thriller policial cheio de nuances e reviravoltas. Durante mais de trezentas páginas me coloquei a serviço do tal livro e finalmente cheguei no final. Justamente aí, quando cheguei na última página, constatei que havia escrito trezentas páginas de algo que ficou horrível. Ficou tão ruim, que nunca publiquei e nem pretendo fazer isto. Não sei como não percebi que estava produzindo laudas e mais laudas de uma porcaria.
Bom, eu queria realmente escrever um livro. Certo dia, em uma viagem qualquer com a família, veio na cabeça a palavra “camicase”. Caramba! Parece que a partir disso, vieram as personagens, os lugares, o enredo. Não tudo de uma vez. O protagonista ia chamar Ueno Awada, a namorada dele Suan Pei. O mestre, mestre Kioto, nesta época estava muito influenciado por um autor chamado Bill Moyers, extremamente renomado, aliás.
Dentro do carro, com meu pai dirigindo, fui pensando outros elementos da história, a localidade, Nikko no Japão. Empolgado, fui contar à minha irmã a respeito do que iria escrever. Na verdade, havia escrito boa parte do material no caderno e mostrei a ela, ao que respondeu:
Pare de ser burro. Por que essa infeliz chama Suan Pei se ela não é chinesa¿ kkk
Em seguida, ela me ajudou a escolher um novo nome para a heroína da história, então, dentre tantos nomes japoneses escolhemos Kaori Yamachida.
Algo que me incomodou muito foi ter de escrever uma história com elementos internacionais. Não havia ali quase nenhum elemento do Brasil e isto me incomodou, contudo, o enredo que me desceu do mundo das ideias foi assim.
Infelizmente, mais uma mancada: fiz mais de trinta páginas escritas no caderno e só depois lembrei que já existia o computador. Resultado: tive de escrever tudo de novo.
Bom, levou uns cinco anos. Um monte de páginas espalhadas pela casa, muitas vezes, perdi até o fio da meada do que escrevi, mas finalmente ficou pronto. Com o livro terminado, finalmente havia chegado a hora de mostrar meu manuscrito para o mundo. Primeiramente enviei os meus escritos a uma editora em Portugal, sendo que obtive a seguinte resposta:
Caro Ivo
Recebemos o texto, obrigada.
Fizemos uma leitura para apreciação do tema e conteúdo mas, principalmente o tema não se insere na nossa linha de publicações.
Como deve saber temos algumas séries de manga a correr e os que têm mais sucesso são temáticas relacionadas com o fantástico ou horror.
Temas mais clássicos, como os samurais ou como é o caso a II guerra, aviadores kamikazes, etc, têm pouca aceitação do público português.
Em alguns casos de autores clássicos e conhecidos conseguimos ultrapassar este obstáculo, mas aqui não nos parece que seja uma história muito apelativa ao nosso público.
em relação à qualidade do texto propriamente dito, é por vezes difícil de seguir e outras vezes tem pouco ritmo é monótono.
Tente melhorar estas questões, e talvez sujeitar a uma editora sem ser propriamente para argumento de BD.
Um retorno não muito legal, mas enfim, mesmo assim agradeci. Continuei procurando uma editora e num primeiro momento, resolvi publicar minha obra pelo excelente Clube de Autores, que permite fazer uploads de livros e publicar sem custos. Aí, precisava de uma imagem para o Samurai Voador e procurei finalmente por um artista. Inicialmente, o ótimo Will Rios deu um rosto ao Samurai:
Essa primeira capa ficou muito boa. Ver meu personagem retratado e de certa forma ganhando vida, foi extremamente importante.
O livro permaneceu no Clube por um tempo, acredito que cerca de um ano, então decidi que talvez fosse hora de tentar uma editora tradicional. Nada contra o Clube de autores, até porque, meu outro livro “Educação, o Quarto Poder”, está sendo vendido pelo Clube e não pretendo tirá-lo de lá. Fui atrás de uma editora tradicional porque sonhava com lançamento em algum lugar agradável, tiragem de livros. Queria experimentar tudo o que os autores tradicionais experimentaram, foi assim que encontrei a editora Viseu, que tem diversos títulos interessantes publicados.
Então notei que o valor para publicação do livro não era muito alto. Foi assim que em 2019 surgiria o Samurai Voador pela editora Viseu. Meu filho nasceu em 2018. A nova capa tinha
Um quê de mais sombrio, eu gostei muito também:
Bom, tudo pronto, agora viria o momento do lançamento e para minha grata surpresa, me ofereceram lançar a obra na extinta livraria cultura, onde vária vezes levei meu filho para ter contato com os livros. Eu achava aquele lugar mágico e seria perfeito para o primeiro vôo do Samurai:
Esta foto é do dia do lançamento. Compareceram alguns familiares e colegas de trabalho, sou profundamente grato a todos. Ta aí, meu filhinho segurando o livro, hoje já está com seis anos esse danado!
Bom, faz tempo. Isso aí foi em 2019, parece que já faz tanto tempo! Os 120 exemplares que recebi da editora Viseu, acabei distribuindo grátis entre alunos da escola e a biblioteca. Nada como ver a satisfação das crianças quando vêem um livro escrito pelo professor.
Em resumo o seguinte: escrever um livro é um desafio hercúleo, mas se você sonha, leitor, não desista, vale muito a pena. Eu de fato não ia escrever este artigo, contudo, pela primeira vez, topei com uma resenha do livro na internet, que por sinal foi extremamente gentil com o Samurai Voador. Muito obrigado. Quem quiser ler a resenha, vou deixar o nome do site aí embaixo:
https://www.angersmoorse.com.br/post/resenha-de-livro-samurai-voador
Escrever um livro vale a pena, até hoje não recebi um centavo, mas tem coisas que valem mais que dinheiro. Tenho dois convites, leitor. Leia o Samurai Voador e se tem vontade de escrever livro, escreva!!!