Quando pensamos em crianças atípicas muitos temas, questionamentos, discussões vem à nossa mente. Sendo um assunto extremamente atual em nossa sociedade, principalmente quando falamos sobre o Transtorno do Espectro Autista, este vem ganhando cada vez mais espaço de debate, bem como, a de assistência de qualidade de vida em diversos contextos, tanto de tratamento clínico, como de direitos estruturados em nossa legislação. Entretanto, um outro assunto extremamente importante, infelizmente também se mostra em evidência quando pensamos nesse público, que é o abuso infantil. Que se mostra em evidência, justamente por crianças e adolescentes serem vulneráveis a sofrer esse tipo de violência, e quando falamos de crianças atípicas, esse número aumenta ainda mais, pelas limitações que essa criança e/ou adolescente possui em se expressar, ou demonstrar o que houve.
Assim, esse fórum tem como objetivo informar aos pais, terapeutas e demais interessados no assunto, a como prevenir que esse tipo de abuso ocorra.
A primeira é enfatizar que este é um trabalho também realizado pela equipe terapêutica que atende esse público, isto quando a criança apresenta os pré-requisitos necessários para que haja uma compreensão e discriminação clara sobre os recursos e o procedimento terapêutico realizado. É claro, que esse não é um procedimento padronizado, sendo adaptado de acordo com o repertório do paciente.
Os materiais utilizados podem variar, onde é priorizado o trabalho por estímulos visuais, com figuras, histórias em quadrinhos, ou até mesmo vídeos. Onde realizamos uma discriminação primeiramente de seu próprio corpo, e onde pode ou não receber afeto de outra pessoa, sendo realizado também, a discriminação de pessoas conhecidas e desconhecidas. Entretanto, como infelizmente esses abusos podem ocorrer de alguém próximo a criança, caso ela não goste de qualquer tipo de gesto físico, seja um abraço ou um beijo no rosto, é incentivada a comunicar caso não queira receber o afeto, mesmo vindo de um familiar, onde a sua vontade precisa ser respeitada também pelos membros da família, para que não invadam o espaço pessoal dessa criança, que tem o direito de negar qualquer tipo de interação a qual não se sinta confortável em dar ou receber.
Este é um trabalho gradual, onde a criança também compreende onde, quando, e como ela pode interagir fisicamente com outras crianças e adultos, respeitando também o espaço pessoal destes, e tendo a compreensão que há partes do corpo de outra pessoa que não deve ser tocada por ela.
Esse procedimento ao ser finalizado, ajuda com que a criança consiga compreender as situações em que sente que “algo está errado”, e estimula com que ela peça ajuda aos pais, ou outros adultos em que sente segurança.
Por outro lado, sabemos que devido a limitações nem sempre as crianças conseguem relatar uma atitude inapropriada que ocorreu, devido a várias questões como dificuldade de comunicação, entre outras. Assim, é recomendado que os pais e/ou responsáveis se atentem a mudanças bruscas e intensas de comportamento que não é habitual da criança. É importante sempre realizar exames, e receber acompanhamento médico para receber orientação e assistência nesses casos.
Por fim, por se tratar de um público extremamente vulnerável, é importante que os pais e/ou responsáveis leiam artigos, e se informem sobre o assunto, além de receber orientações sobre os profissionais que atendem a criança, acompanhando assim o procedimento terapêutico que está sendo realizado, além de se manter presente e manter um espaço seguro e livre, onde mantém uma comunicação com a criança de forma a também orientá-la sobre situações, e interações com outras pessoas.
Para aprofundamento sobre o tema, abaixo deixo dois conteúdos informativos para pais e terapeutas:
Prevenção do abuso sexual infantil
Estratégias cognitivo-comportamentais na escola, na família e na comunidade:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
56872010000100007
Mayra Gaiato – Prevenção do Abuso de crianças autistas:
https://youtu.be/lmPT9eKVJ7c?si=JFrG-F856zpJGulO
Por: Letícia Gomes de Barros
Psicóloga
CRP – 06/196483